O DESENCARNE DA CACHORRA PRISCILA
O DESENCARNE DA CACHORRA PRISCILA
Wilton Porto
Passam os dias
Mas o dia não passa.
No repasse de cada dia
Sente-se que o dia que passou
Por mais que queira passar
A todo instante repassa
E no repassar de cada dia
Faz com que nunca ele passe.
Se o dia em que ela passou
Pudesse ter só passado
Em nós cada passo dado
Não teria essa máxima dor.
No entanto por mais que o tempo passe
Por mais que não queiramos repassar o passado
Mais presente é o passado
Em cada passo que é dado.
Se pudéssemos arrancar
O passado que mais presente
Talvez a dor que latente
Por ela estar ausente
Fosse um descontente contente
Pois dor já ela não sente.
Porém a todo momento
Pela casa ela presente
E por mais que a gente tente
Eliminar o sofrimento
Mais sofrimento se sente
Já que é no ausente
Que ela está presente.
Priscila era cachorra
Mais agia como gente.
Nuca vi entre os viventes
Alguém tão inteligente.
E se falarmos de amor
Aonde quer que a gente vá
Não se encontrará superior.
Por isso já de antemão
Aos críticos desavisados
Antes que usem da mão
Pra arremate zonzeado
Eu digo que os animais
No tocante ao Amor
Eles são insuperáveis.
Sem falar-se de outros valores
Como o da fidelidade.
Assim lágrimas sofrimento
Desmedido sentimento
Por uma simples cachorra.
É normal justificável
Para os que vivem do Amor.
O Sol brilha para todos
Para todos a chuva cai
Se o amor é parcial
Se facilmente se esvai
Acredite não é Amor
É fumaça ao léu
Que só o bobo atrai.
Priscila desencarnou em 19/06/2010
Viveu nove anos.