Centelhas...
O refulgir de uma centelha
é a ferroada de uma abelha
num íntimo refolho d’alma...
Nos meandros de teu corpo,
como num fundo de agulha
a explosão de uma fagulha
fere o breu da noite calma.
É o vórtice de um tornado,
é como um grito assustado
pois não querias descobrir
que eu deixei marcas em ti
tal qual as deixaste em mim;
e elas jamais quiseram sumir
embora tu nunca me tocasses,
quiçá eu, não te tocasse, enfim.
Ficou, essa fagulha de desejo
nas centelhas de um só beijo
que nunca veio, ficou por vir;
por mais que tu o desejasses,
por mais qu’eu tanto quisesse.
Se fosse coisa que eu pudesse:
a emoção de um doce abraço
só uma fagulha, um leve traço
a dádiva de vida que me ficou
da inocente centelha de amor
que o tempo inclemente levou...