Centelhas...

O refulgir de uma centelha

é a ferroada de uma abelha

num íntimo refolho d’alma...

Nos meandros de teu corpo,

como num fundo de agulha

a explosão de uma fagulha

fere o breu da noite calma.

É o vórtice de um tornado,

é como um grito assustado

pois não querias descobrir

que eu deixei marcas em ti

tal qual as deixaste em mim;

e elas jamais quiseram sumir

embora tu nunca me tocasses,

quiçá eu, não te tocasse, enfim.

Ficou, essa fagulha de desejo

nas centelhas de um só beijo

que nunca veio, ficou por vir;

por mais que tu o desejasses,

por mais qu’eu tanto quisesse.

Se fosse coisa que eu pudesse:

a emoção de um doce abraço

só uma fagulha, um leve traço

a dádiva de vida que me ficou

da inocente centelha de amor

que o tempo inclemente levou...

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 19/06/2010
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