Coleta-Colheita

Do sol primaveril, raios.

Da chuva de verão, pingos.

De um jardim nalgum lugar, cravos.

Do tempo, os seus domingos.

*

Do mar profundo, as pérolas.

Do regato entre teus seios, um novo mundo.

Dos tempos idos, as fotos.

Do teu cerrado-habitat, o eixo.

*

Do oásis que é teu olhar, frutas

Do deserto que me tornaste, areia.

Das águas de Siloé, trutas.

Da noite, a lua cheia.

*

Do sofrimento, a cruz.

Do adeus que nos dissemos, a dor.

Do teu sorriso maroto, luz.

Dos píncaros de nossas serras, o condor.

*

E tudo isso oferta

Deste matuto ao teu Pai Eterno.

Na casa sempre aberta,

No altar do amor interno.

****