QUANDO BATE UMA SAUDADE

QUANDO BATE UMA SAUDADE

ah! Bom Sucesso

que sucesso me deste?

me deste só a infância !

mas mesmo assim

e por isso mesmo

quando vou ao teu encontro

atiro-me em teus braços

emocionado, saudoso e feliz

saudade da escolinha;

da igrejinha sem pintura;

da reza domingueira do terço;

da mãe que me ensinou a rezar.

leio a poesia não escrita

que guardas em terra boa,

no pinhão e no guabiju;

na pitangueira que era só minha;

nos boisinhos que ensinei a canguear.

no rangido do carro de bois;

nas trilhas de tatu no mato;

nas batucados do bugio

prenunciando chuva.

ahh! quanta saudade

matando a mesma saudade

que trago no peito de ti.

do primeiro tiro de espingarda;

do cavalo branco moageiro;

dos carrinhos de lombada;

dos amigos de infância

que há tantos anos aqui deixei

ah! que saudade danada!

saudade da casa onde nasci

das zangas do meu velho pai.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 28/05/2010
Código do texto: T2286287
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