Recordação

Talvez eu diga palavras que os menos de vinte anos não possam saber.

Falo de um tempo que estes não reconhecem.

O amor é forte quanto os oceanos são distantes.

E quando ao acaso de dias, eu volte ao antigo lugar onde o fitei a primeira vez,

Não reconhecerei senão aquele sorriso que guiou meu coração ao encontro do amor.

Escutarei o teu riso que soa como versos de amor recitado ao crepúsculo do anoitecer.

Permaneço nas tuas palavras que me servem de ninho quando provo das lágrimas.

Bons foram os tempos em que minhas palavras tocavam teu coração como canção de verão.

Tempos em que havia primavera...

E eu cheguei tão próximo da flor e não a toquei, sequer senti seu perfume.

Levarei teu sorriso, tuas palavras, teu olhar e os farei minha mais doce lembrança,

O amor pode se transformar todos os dias, mas sempre terá a mesma essência.

Lembranças tuas me acompanharão por toda esta vida...

E mesmo que um dia eu desperte nos sonhos de outro,

Sentirei como punhal na alma, o beijo que por medo não lhe roubei.

Monteiro, Anne Veloso. Sedes da Alma. Belém, 2009.

Anne Monteiro
Enviado por Anne Monteiro em 20/04/2010
Código do texto: T2208099
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