Um canto de saudade
Poesia
Um canto de saudade
A sinfonia do vento
Nas folhas das palmeiras
Que me alegrava os dias
Naquelas tardes fagueiras
É hoje um triste lamento.
Via o rio cantar uma canção
E levar suas águas cristalinas
Tão distantes da poluição
E da usura que corrói e aniquila
Que mata o espírito e o coração.
Hoje me ponho a pensar
Sentada à beira do mesmo rio...
A voz do vento é um chorar tristonho
Que faz meu coração tão vazio
Buscar a melodia no sonho.
É que o rio agora é um riacho
Quase morto, que corre lentamente...
Deixando, assim, no meu coração
A saudade que fez brotar como a semente
Tristeza, revolta e muita desolação.
Onde ficaram as águas límpidas
Em que nas manhãs e tardes de sol
Moças bonitas iam-se banhar
E exibiam seus corpos no arrebol
Numa canção para amar e sonhar?
Onde ficou o sorriso de minh’alma
Que vive vazia e a lamentar
E que só vê naquelas turvas águas
A negrura que abala a calma
E a solidão que aumenta as mágoas?
A morte do rio – resultado da ambição
Do homem moderno e do progresso
Traz problemas que mais tarde serão
O mal e a degradação do universo
Desse mesmo homem da automação.