O FRUTO PERDIDO
Vi ao longe uma luz amarelada sob a espessa neblina cinza, que com seu finíssimo chuvisco formava pingos a cair em filetes de água, no meu rosto de olhos avermelhados. Caminhava secretamente na noite longa, quando um vulto no seu rápido andar atravessou a rua... Atraído pelo mistério da aventura segui-o.
Não era alucinação! O meu desejo incontido estava tomando forma em meu completo pulsar do corpo. Ambos ficamos um pouco assustados... Na loucura da cobiça eu o abordei, conversamos..., comemo-nos olhando-se... Não poderia ser mais compensador, pois eu acabava de descobrir o fruto perdido.
Ele existiu no exato rasgar da folha do momento para mim, exuberante, olhos nos olhos, hálito ofegante. Sem perceber o tempo envolve... A mente e os espaços ficando íntimos, abrindo-se, a nossa única vez foi-se como o medo, engolimo-nos.
"A qualquer maneira de amar, a quem possa querer gostar, é a verdadeira forma fiel do insano livramento do desejo"
Sempre e onde quer que eu vá, (da maneira que me encontrar e em que tempo eu possa estar) levo o seu cheiro e o meigo olhar em meus pensamentos... A ilusão de um amor infinito não deixou de existir em meus sonhos, apenas tentou e não conseguiu materializar-se nesta rua cinzenta de neblina espessa, com luz amarelada dissipando-se a cada passo, que o trouxe e também o levou de mim...
Jlle, 10/10/1985