Intocável
Sobre a mesa, ainda repousa aquele seu lenço,
Ao lado de alguns papéis sem valor.
Não tive coragem de tocá-lo,
Mesmo assim, não consigo parar de olhar.
Fico imaginando coisas como um tolo,
Sonhando como um simples e irresponsável sonhador.
Por vezes me pego sorrindo,
Logo me corrijo, sem deixar de observá-lo.
Um lenço, um pescoço, um desejo,
Uma noite que começou perfeita.
E até hoje não sei como terminou,
O lenço continua lá, intocável.
Do livro "Poemas Urbanos", Editora Alcance, pág. 41