Intocável

Sobre a mesa, ainda repousa aquele seu lenço,

Ao lado de alguns papéis sem valor.

Não tive coragem de tocá-lo,

Mesmo assim, não consigo parar de olhar.

Fico imaginando coisas como um tolo,

Sonhando como um simples e irresponsável sonhador.

Por vezes me pego sorrindo,

Logo me corrijo, sem deixar de observá-lo.

Um lenço, um pescoço, um desejo,

Uma noite que começou perfeita.

E até hoje não sei como terminou,

O lenço continua lá, intocável.

Do livro "Poemas Urbanos", Editora Alcance, pág. 41

Daniel M Moreira
Enviado por Daniel M Moreira em 02/03/2010
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