Na Fazenda Onde Nasci
Após sofrer desenganos
Da vida triste em cidade
Senti imensa saudade
Daqueles antigos anos
Perdi pros meus próprios planos
Minha alegria, minha paz
De lidar com animais
Pois com gente não aprendi
Na fazenda onde nasci
Nem curral existe mais
Ver meu avô no berrante
Sobre o cavalo Canção
Alegrava o coração
Era muito deslumbrante
Com sua voz estrondante
De aboios sem iguais
O gado ia todo atrás
Não sei por que eu parti!
Na fazenda onde nasci
Nem curral existe mais
Acabou-se todo o gado
Que meu avô possuía
Acabou-se minha alegria
Só me restou o enfado
De viver desenganado
Entre carros e sinais
A violência é demais
Na vida que eu escolhi
Na fazenda onde nasci
Nem curral existe mais
O boi comendo capim
A vaca bebendo água
Oh, como é imensa a mágoa
Que trago dentro de mim!
Vovó me dizendo assim:
- Obedeça aos seus pais,
Estude mais, corra atrás
Quando voltar tou aqui!
Na fazenda onde nasci
Nem curral existe mais
Mas vovó não me esperou
E eu me sinto culpado
Vovô, já adoentado
Do gado se separou,
O que tinha se acabou
Desde as selas aos currais
Sei que não volta jamais
Tudo aquilo o que eu vivi
Na fazenda onde nasci
Nem curral existe mais