Num dia como esse
É num dia como esse, quando chove de madrugada
Acordando com o barulho da água no asfalto debaixo das rodas do carro que lá fora passa
Os pássaros não vieram cantar na janela, e está frio
Fica frio dentro de casa, no quarto, perto da janela aberta
O frescor do banho lembra a chuva que caiu há pouco
Ainda está frio, que bom a coberta
Andando pela rua, seguindo o caminho pra mais um dia de labuta,
De dura luta, piso na poça que a água da chuva deixou ali
Mais rapidamente é preciso andar pra não perder a hora
E o nublado do céu avisa que mais tarde pode chover de novo
Menos ou mais, sem parar, aos poucos...
As pessoas estão saindo, entrando, correndo atrás de ônibus
Subindo, descendo, ouvindo, falando, esperando chegar em algum lugar cedo, ou, atrasados demais
E já nem sentem mais o frio
O sangue esquentou com a pressa, com a distração
As imagens passam por elas, não existe percepção
Num dia como esse, não dá pra perder tempo
O tempo inimigo das horas que demoram, que não param
O frio começa a chegar na tarde que vem devagar
Anúncio de trovões e relâmpagos no céu, no ar
Vento forte que descabela, que rasga o rosto, que carrega o corpo
Chuva, frio, vento, tempo, pressa
Num dia como esse, que saudade é essa?