Remédio na serra
Onde o meu tio Antonio da Mata mora
não é uma fazenda, nem um sitio e muito mesmos um chalé:
é uma choupana feita de capim sapé.
O galo canta no poleiro na madrugadas
O Inambu responde lá na densa mata.
O sabiá junta a passarada e fazem algazarras,
na árvore florida no quintal.
O vento matutino sopra no meu rosto.
No topo da serra, o Astro Rei surge.
Aquecendo mais uma manhã vivida infeliz
com o amor dela ferindo o meu peito.
Ao decorrer do dia, flutuando aos ventos...
Viajando nas asas dos meus pensamentos...
Brincando de bem e mau me quer
com flores de um arbusto qualquer.
Distraio-me ao ver a cadelinha
brincando com a gatinha.
Felina que na noite que passou,
Atormentou os danados ratinhos.
Quando a tarde chega, preparo as lenhas,
para quando a noite cair , acender a fogueira,
e junto ao fogo eu e o tio falarmos dos amores
das mulheres que feriram os nossos corações.
Nos olhos do Tio da Mata, vejo o teu prazer,
de em tua choupana de capim receber o teu sobrinho
Esse miserável apaixonado e sonhador...
Que busca na serra o remédio para a tua dor.