Brando Pesar
Se me perdesse a cada dia
não me acharia jamais
de tão diferente que seria
Sou hoje o que não era mais.
Sou borboleta, sou grão,
Sou mar, brisa, vulcão
Sou a chuva que inunda os olhos,
A andorinha do verão
Fui fantasma, fada madrinha,
hoje sou eterno, vão...
daquele mesmo mar e brisa
daquele mesmo ardor de vulcão
Da vontade de ser criança,
da tempestiva maldição,
Não achei o mapa, tesouro
Só minha eterna solidão
Daquelas florestas, mil flores,
sorrisos, frutas... Cantais!
Não me lembro bem o nome,
Que escrevi nos bambuzais.
E tudo tornou-se lembrança,
Recortes, revistas, postais,
Já não sinto mais o frescor,
das flores dos laranjais.