Janela, mirante antigo de onde via o tropel dos cavalos
em louca disparada, empinando-se em meio à poeira,
puro sangues agitados, relinchando em vozes alegres,
prestes a seguir para a cavalgada ao sol da manhã,
descendo barrancas, rompendo os matagais abaixo, 
violando a terra com seus cascos fortes e escuros

Janela, mirante antigo,
na centenária terra dos sonhos bordados na infância,
das noites claras de luar e das serenatas de sapos,
que coaxavam no brejo rompendo o silencio,
ali tudo era belo entre relinchos, mugidos, toque de sino,
vozes da natureza em meio à
solidão de meus caminhos

Janela, mirante antigo,
onde aprendi a cismar fazendo imagens nas nuvens,
com a chuva conversar mesmo nos temporais,
a orar de mãos postas, observando o horizonte,
esperando respostas do vento sul,
também cantando as primeiras melodias
pela amplidão daqueles ermos

Janela, mirante antigo,
moldura perfeita de minha infância
que ainda lá está desafiando o tempo,
como que à minha espera, sempre,
para enlevar-me e curar a saudade doída,
breve ficarei aí contigo novamente,
Janela...mirante de minha vida !
                       
 Editei o texto em homenagem ao aniversário de meu irmão Tom (hoje dia 31/03), às minhas irmãs Nanci e Lia, quase sempre comigo em nossa Janela.

                 Foto:  Marilda 

Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 31/03/2009
Reeditado em 04/03/2021
Código do texto: T1515562
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