Da Despedida
 
Saudade de não estar presa ao meu passado infrutífero de querer-lhe
Saudade,
Simples e Pura,
Da verde loucura do olhar a mim negado.
Saudade da poesia da espera,
De ver-lhe atravessar a porta deixando em minha cútis um rastro quente e confuso.
Saudade do futuro incerto,
Da ciranda do talvez.
Saudade do gosto do seu sorriso,
Do sabor do seu enlace.
Saudade do que me causa
Ou causava.
Saudade de quando não era distante,
Nem próximo,
Apenas inquieto.
Saudade do cuidado,
Da negação,
Da palpitação da minha alma.
Saudade de quando era diária
E não semanal a minha dose de você.
Saudade de quando era novo.
Saudade de quando não era despedida,
Mas esta é uma despedida.
Não sei bem se preferia ter-lhe deixado na ignorância.
Não entendo exatamente o que estou lhe dizendo.
Provavelmente seja este o meu último deleite deste vício.
Provavelmente estou mentindo quanto a isto.
Simplesmente não se apaga um amor destes num instante.
Estou lutando contra meu íntimo,
Sobrevivendo a cada batalha,
Destruindo-me a cada vitória
Ainda sinto sua falta.
Só que agora não importa mais.
Estou me despedindo.


Karla Hack dos Santos
Enviado por Karla Hack dos Santos em 27/01/2009
Reeditado em 27/01/2009
Código do texto: T1407434
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