Donde Vem...
Donde vem, caro amigo, essa tristeza?
Vem da folha mais alta da grande copa daquela imponente árvore, amigo meu]
Aquela que tudo vê em bela visagem, mas de nada sente o calor, meu amigo]
Mas donde vem, caro amigo, ess'isolamento?
Vem da mais bela estátua do mais antigo museu, na mais nobre sala, amigo meu]
Aquela mais bem talhada, que todos miram maravilhados, mas ninguém toca, meu amigo]
E donde vem, querido amigo, essa saudade?
Vem do mais garboso barco, n’oceano mais vasto, d’água mais azul, amigo meu
Aquele da madeira mais firme, que passa solene n’horizonte, sem menção de atracar, meu amigo]
Donde vem, vero amigo, ess'amargura?
Vem da mais brilhosa jóia, na vitrine mais iluminada, co’o vendedor mais sorridente, amigo meu]
Aquela rara e nobre, de cor-íris única, que adorna o pescoço da mais bela dama, sem para ti brilhar, meu amigo]
E donde vem, cordial amigo, essa desilusão?
Vem do aspergir mais sincero, do padre mais devoto, na mais crente das igrejas, amigo meu]
Aquele co’a mais convicta fé, co’a mais típica caridade, que te dá esperança, mas não te leva ao paraíso, meu amigo]
Donde vem, amado amigo, esse desânimo?
Vem das fontes da floresta, do santuário, do mar, da loja e do templo, amigo meu
Dos mais especiais dos lugares, que a mim s’exibem, sem com sentidos de verdade me preencher, meu amigo...]