Tudo está bem!
Sonolenta, procuro teu corpo sobre o lençol tateando a maciez do tecido ainda quente na ânsia de encontrar-te, curiosa por não te achar, ergo as pálpebras bem devagar como se estivesse a sentir medo do abandono.
Apavora-me o pensamento de não tê-lo ao meu lado, de saber que, mesmo por um momento, não estás ali.
Encolho-me numa sensação de espera angustiante e saudosa, e como num ato de proteção contra sua falta divago em pensamentos bons, dos quais você faz parte, assim o tempo parece passar mais rápido e olhando o relógio constato que, uma eternidade de segundos se passaram.
Sinto-me inquieta, cardiacamente tonta quase dando sinais de apnéia por não sentir seu cheiro.
Eu quero levantar, abrir a janela, ver a luz do dia, respirar e não consigo.
Simples e apavoradamente não consigo!
Fecho bem forte os olhos, debatendo minha cabeça lentamente num gesto negativo.
Preciso gritar!
E não suportando mais a dor, afasto os braços procurando novamente o lençol ou algo que abafe o som.
Como num milagre sinto seus dedos em minha face e um beijo suave a tocar-me a fronte. Erguendo os olhos necessitados da imagem de seu sorriso, o pulso desacelerante me toma conta e num milésimo de segundo o pesadelo passa.
Tudo está bem!