Saudade da primeira dança
Meus primeiros passos foram dados com a segurança de outras mãos.
As mãos de uma senhora, tão Plácida quanto seu nome.
A dança no tapete vermelho,
No meio da sala,
Vestidinho de prenda,
O rosto sorridente de uma criança serelepe.
Meu par, um senhor especial, o avô coruja.
Agora danço sozinha pelas linhas tortas da minha vida,
Ninguém me segura às mãos ou me embala o corpo.
Guria, pequena, sapeca.
Mulher, crescida, maluca.
Saudade da dança na infância,
Como era bom ser criança.
Agora eu crio os meus próprios passos, passos solitários...
Os deixo marcados na areia dessa praia tão linda,
Mas o vento e o mar teimam em apagá-las,
E amanhã eu terei de pisar nessa areia novamente.
A dança da vida começa cedo,
E nela eu continuo bailando em carreira solo até que meu corpo desfaleça.