Amar em segunda pessoa
Quando partiste
e deixaste cravada sua historia
no meu peito, fingiste
não saber,
Mas carregaste consigo
A dor de meu sonho,
que deixaste fenecer.
Levaste tudo que tinha
e me deixaste alegre sem ter com quem
dividir.
Livre, voaste pra me ver de longe
Pra me guardar no térreo,
Pra me deixar numa folha branca de papel.
Sem saber voar, fiquei a imaginar,
envenenado pelo sabor do céu
afoguei-me na imensidão do mar.
Vais longe agora, pomba branca
Achar o que eu não consegui te dar
Me fizeste o maior
por me retirar a máscara
E acabou
por me despir a lástima,
de não saber mais colocar.
Velho traje já tão acostumado
Viu-se sóbrio quando encontrou a luz
Mas não teve olhos para poder suportar.
Largaste-me numa cova rasa,
num velho coração febril.
Que agora só disfarça e chora,
O ato torpe e vil,
De ser condenado à vida,
continuando a acreditar
Que ainda irei te rever, pérola perdida
em quantas vidas eu puder encarnar.