Saudade da minha rua
Q’ saudades da minha rua
Nas manhãs de sol de inverno
Quando a brisa sopra fresca
Nas folhas soltas ao vento
Estrada abaixo até ao parque
Do nosso brincar tão terno.
Saudades são tantas, tantas
Dos amigos, reinações
Das corridas, das touradas
Num fazer de conta, lidas
Nos cornos das brincadeiras
E dos nossos corações.
Que saudades do Janeiro
E do Carlos gordo da Vila.
Do Zé Manel da tourada
Com dotes de carpinteiro.
Deste ainda guardo a espada
Na lembrança tão tranquila.
Saudades também de amigas
Divertidas prazenteiras
Lembro a Helena charmosa
E a Cecília… a mais gulosa.
As corridas em bicicletas
E os trambolhões pelas beiras.
São saudades pelas trindades
Da Vila do Campo Pequeno
Eram assaltos de garotos
Aos baloiços de gigantes
Investidas rumo aos céus
Sem horizonte terreno.
Saudades até dos jogos
Das mãos sujas das caricas
Atiradas nos lancis dessa rua
Decorada, a palmo analisada,
Por berlindes de mil cores
A rolar soltos de intricas.
Lavo as saudades nas pedras
Em cada Verão a caminho
Daquela rua sentida
Porta acima porta abaixo
Passagens para a liberdade.
Onde a amizade fez ninho!
Inspirado no idêntico poema da minha querida amiga e grande poeta Terá Sá. A ti muito obrigada pela inspiração.