Em nuvens de algodão

Falara-me em nuvens de algodão

E lembrei-me dos retalhos de cetim

Alvos como neve

Mas minha alma

Está tingida de carmim

Tão pura e envaidecida

Decidida a te domar pra mim

-Um turbilhão de cores enfeita o amor-

E nas camas brancas

Fazemos tramas

em nuvens de algodão

lençóis de cetim

-tão macios que são!-

Envolvem a ti e a mim

Dando suave sensação

De amor eterno

Que perdura e atravessa os anos

Bons amantes que somos

Chegamos ao ápice

do amor maduro e inconseqüente

E num gemido sufocado

Apenas sentido

Chegamos juntos a um gozo maior

Os lençóis agora

Já não tem a menor importância

E as nuvens de algodão

Pra quem são?

o que importa é a plenitude

de um orgasmo sentido

No ato de amor único

exilado e proibido

Pois não sou pra ti

E não és pra mim.

Vivemos uma vida

em alguns momentos

E as nuvens de algodão

Os lençóis de cetim

Esperam-nos nesse mesmo leito

Numa outra hora.

Até lá sufocarei meu peito:

Há de chegar o momento

de te encontrar novamente

e matar a sede

Que somente em quatro paredes

Entorpece e acalma

Lembrança que guardo até o dia

De te envolver nas nuvens Imaginárias

Que nos meus sonhos vou guardar.

Lili Ribeiro