O AMOR VEM DO CORAÇÃO
Estou triste…
Não é a primeira vez
que começo um poema assim.
A tristeza
tem feito parte integrante da minha vida,
embora a maior parte das vezes
eu a mantenha acorrentada dentro de mim,
para que possa deixar brilhar a alegria.
Eu dou-me melhor com a alegria,
casa melhor comigo e faz-me bem.
Aprendi a fazer alegria da tristeza
tal como o alambique
faz aguardente do bagaço.
Quando a tristeza esperneia muito,
não tenho como domá-la
e deixo-a saír para apanhar ar.
Isto acontece naqueles momentos
que me sinto sozinha,
quer seja em festas ou funerais…
Sempre me senti só,
no meio de tanta gente.
É nesses momentos
que preciso duma mão amiga
que me segure o braço,
que me olhem com olhar terno,
que me digam uma palavra doce,
que me deem um sorriso quente,
que me façam sentir uma presença acolhedora,
mas não,
ninguém se abeira de mim para me confortar,
é como se eu fosse invisível
mas invisível não sou.
A maior parte das pessoas
não enxerga um palmo á frente do nariz,
estão demasiado ocupadas com as aparências,
procurando o melhor ângulo
que faça refulgir a sua quinquilharia!
O mundo é povoado
por pessoas boas e pessoas más
se houvesse apenas pessoas boas
não haveria crimes ou guerra,
contudo, prefiro pensar
que no momento da minha carência,
as pessoas estão em modo de pessoa má.
Tenho esperança de encontrar mais pessoas
em modo de pessoa boa.
Não consigo entender o porquê da maldade.
O que lucram em fazer mal aos outros?
Apenas se habilitam
á inscrição na lei do retorno
– o que fizeres pagarás -
Se fizeres bem receberás bem,
se fizeres mal, receberás mal…
Tenho a sorte
de ter alguns bons irmãos de coração,
que agradeço a Deus.
Alguns deles são de longa data,
outros são mais recentes,
mas ocupam todos o mesmo lugar.
Aqui não há diuturnidades,
são todos irmãos
e recebem todos o mesmo - amor.
Há irmãos de sangue
que se esfolam vivos por uma palha,
não há reciprocidade de amor,
há ganância, inveja e vingança.
O amor não vem do sangue,
o amor vem do coração!
©Maria D.Reis
20/02/22