Me calo.

De todas as histórias desventuras

essa é a que finaliza:

Me calo. E tudo em volta se exorta

pela palavra que não excede.

Palavrear que não cede

ao mundo e seus desarranjos

calada e, como um anjo,

-que diz com a expressão-

condiz à verdade sem ilusão.

Finalmente tudo faz sentido

um sentido único sem qualquer resquício

da infeliz e certa complicação.

O mundo se revolta sem nenhuma palavra

e sem palavras pode-se fazê-lo parar.

Sem sequer protesto, só com o rubro olhar.

Um simples sorrir e um simples estar

um simples fechar ou um grande abraçar

o trato de olhar prestando atenção

o rosto choroso pedindo perdão

um trato amigo e um aperto de mão

o rastro antigo do sonho vivido

o mastro que guia o seu coração.

De todas as histórias e aventuras

disso concluiria:

me calo. E tudo em volta a avivar

pelos riachos que o mastro guia

serpenteia a vida sem solidão.

FlávioDonasci
Enviado por FlávioDonasci em 17/07/2007
Reeditado em 28/07/2011
Código do texto: T567976
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