Me calo.
De todas as histórias desventuras
essa é a que finaliza:
Me calo. E tudo em volta se exorta
pela palavra que não excede.
Palavrear que não cede
ao mundo e seus desarranjos
calada e, como um anjo,
-que diz com a expressão-
condiz à verdade sem ilusão.
Finalmente tudo faz sentido
um sentido único sem qualquer resquício
da infeliz e certa complicação.
O mundo se revolta sem nenhuma palavra
e sem palavras pode-se fazê-lo parar.
Sem sequer protesto, só com o rubro olhar.
Um simples sorrir e um simples estar
um simples fechar ou um grande abraçar
o trato de olhar prestando atenção
o rosto choroso pedindo perdão
um trato amigo e um aperto de mão
o rastro antigo do sonho vivido
o mastro que guia o seu coração.
De todas as histórias e aventuras
disso concluiria:
me calo. E tudo em volta a avivar
pelos riachos que o mastro guia
serpenteia a vida sem solidão.