FIZ O QUE PUDE (SINCERIDADE)
Faria mal, se não houvesse a conversa do perdão ou se mal houvesse sido perdoado. Faria muito mais mal, se compreensão alguma houvesse existido. Cada um de nós existe com problemas e distâncias. Assimilamos, ou buscamos assimilar os nossos desconfortos do dia após dia.
É-nos permitido o respeito, praxe de todas as horas, bem como dormimos o nosso sono merecido; e, no dia seguinte nos darmos conta das nossas imperfeições. Dentro da análise mais fria, percebemos que o outro, o semelhante, não é simplesmente um coitado e que a sua existência não passa de um acaso.
Quais seriam as culpas do nosso silêncio que nos angustia ou dos nossos sorrisos que teimamos tanto em esconder dos outros? Algumas vezes palavras são distorcidas porque não nos encontramos naquele dia, na plenitude dos nossos ouvidos exigentes.
É fácil apontar o dedo acusando deliberadamente o que se passa em um coração que tem apenas o desejo de acertar e ser feliz como um outro qualquer coração. Desvie o seu dedo apontado aos outros, aponte-o a si próprio e haverá a descoberta do quanto se acumula em sua conversa interior, que lhe é tão cobrada. É dessa forma que o amor funciona.
Mas não faria mal se houvesse a conversa da compreensão no sentido mais puro da palavra e de todos os sentimentos que nos acompanham.
As datas festivas de Natal, Ano-Novo, e aniversários nada representam se os desejos não forem sinceros e os nossos corações permanecerem angustiados, sem palavras de perdão, de arrependimento e de verdadeiros votos de paz interior.
FERNANDO VARELA