voz de Canudos (1)
“Que crendice mais descrente
Que descrença mais distante
Que distância mais presente
..................................” (2)
a canoa deslizava macio pelo rio
pelas beiradas da vegetação
e me trazia a voz aveludada do cantor
seria a canoa de Canudos
num braço qualquer de mar
e Conselheiro estava lá
pedindo que eu encontrasse
naquela distância um presente
mas havia tanto a percorrer
o rio ia serpenteando
e o Edu Lobo cantando
e, ainda, os acordes de um piano
soltos como os barulhos da água
provocados pelas investidas do remo
numa confirmação de que tudo vai passando
até a canção não fazendo questão de ficar
(1) cidade onde lutou e morreu Antonio Conselheiro
(2) versos de "Canudos", canção de Edu Lobo