voz de Canudos (1)

“Que crendice mais descrente

Que descrença mais distante

Que distância mais presente

..................................” (2)

a canoa deslizava macio pelo rio

pelas beiradas da vegetação

e me trazia a voz aveludada do cantor

seria a canoa de Canudos

num braço qualquer de mar

e Conselheiro estava lá

pedindo que eu encontrasse

naquela distância um presente

mas havia tanto a percorrer

o rio ia serpenteando

e o Edu Lobo cantando

e, ainda, os acordes de um piano

soltos como os barulhos da água

provocados pelas investidas do remo

numa confirmação de que tudo vai passando

até a canção não fazendo questão de ficar

(1) cidade onde lutou e morreu Antonio Conselheiro

(2) versos de "Canudos", canção de Edu Lobo

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 14/05/2013
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