AS FÔLHAS DOS CANAVIAIS
Quando nas noites estreladas
Em minh'alma sofrida e amargurada
Vem à lembrança coisas que não esqueço jamais..
Conteplando as estrelas no céu
Sinto no ar o sabor do mel,
E o murmúrio do vento
Nas fôlhas dos canaviais.
Minha terra cercada pelo verdor
A natureza transpirando amor,
Esperanças que não morrem jamais.
A noite de lua cheia e enamorada
Juras de amor por ela inspirada,
Na doce canção do vento
Sôbre as fôlhas dos canaviais.
A lembrança de um passado distante
Faz o pranto rolar abundante
Saudades que não findam jamais.
É assim a alma sofrida e chorosa
Sentindo a carícia terna e gostosa,
Do sopro do vento
Nas folhas dos canaviais.
Mesmo que eu sofra as piores chagas
Não quero morrer em outras plagas
Por isto te peço, hò Vate, cantai.
Não permita que parta daquí
Pois da tua vóz quero ouvir,
A canção do vento
Nas folhas dos canaviais.
Hò! Tu que me inspira, minha Musa,
Não permita que minh'alma reclusa
Parta, sem alcançar os ideais.
De sentir o murmúrio do vento
Cantando a canção de acalento,
No sublime balouçar,
Das folhas dos canaviais.