Música do delírio autista
Ao som de Stoa (álbum Urthona)
Abstrações do passado helênico em telas
Criadas num clima saudosista,
Tomam forma ao som das belas
Canções atmosféricas ouvidas pelo autista
Recurvado dentro da realidade fantástica
De sua mente apática.
O canto reverbera no espaço fechado
Do crânio; os glóbulos oculares
Reviram a cada arpejo executado
Pelos violoncelos que erguem marmóreos pilares
Gregos. O piano em mínimas e fusas
Reconstroem os pórticos das musas.
No pátio do sanatório da pessoalidade,
O autista delira imagens tranqüilas
Num estado catatônico de inatividade,
Ouvindo a etérea música com dilatadas pupilas.
Entorpecido no vislumbre de sua loucura,
Rompe da sanidade, a consciente amargura!
Janeiro 2010