Chuva de benção
Doce chuva que lavou cacho d’encardidas estrelas,
caiu sobre meus olhos arando esperanças rasgadas
e meus sonhos de pedra os amoleceu todos no mel,
chove mansa,semente sulcando na terra o meu céu!
Santa sonata de sussurros, juncando voz à melodia
segue seus coriscos luzindo nas ravinas celestiais
e piscando em meus olhos seda ao sonho que fugia
por entre murmúrios,a viver n'oculta florescência!
Os pingos dessa chuva, sementes semeando searas,
vão fincando no céu do meu chão seu traje fecundo,
costurado co’as muitas mãos do Deus das criaturas
que aos clamores e louvores jornadeiam sonhando!
Oxalá a rica chuv'aventureira d’esplendor sidério
indulte a desventura mais sanguinolenta e imunda,
abrindo cada porta da conquista imortal e oriunda
do céu, qu’aninha nossos céus em risonho mistério!
Vem co’essa chuv’a passarada, a melodia: é Benção!
e quando Mistérios entregam o bordão de pujanças,
as recordações translúcidas enflorescem as cabeças,
pois trouxe o azul da Nostalgia o DEUS da paixão!
Santos-SP-18/07/2006