Noite clara

Noite clara,

Me deito à cama.

Um peso no peito que do dia trago,

Agora transborda em lágrimas silenciosas.

Escorrem do meu rosto, e eu

De vergonha as liberto, sabendo que a razão,

É saber que dói ser assim

Pelos dias passando sozinho,

Sem mais companhia de alguém...

Ah, o sono não demora em chegar,

Pois dormindo me livro do pífio buraco,

Esqueço-me deste abismo que me persegue.

Mas quando acordo, na manhã do outro dia,

E sinto o travesseiro úmido de choro,

Rio como um louco, ao lembrar da tortura,

Que passei tão estupidamente na noite passada.

"Que gesto mais feio, que embaraço!

Que ação mais inútil e desesperada;

Pois nada vale choro, tortura, remorso,

A quem só quer apreciar as planícies;

— A quem é pássaro e voa liberto,

Entre os galhos da praça ou das matas;

— A quem é feliz por ser a si mesmo por inteiro;

A quem mão alguma lhe fere e lhe mata.

Donos do mundo, já que suas almas,

Inabaláveis como o mar em tempestade,

Vencem a consciência doentia dos maus pensamentos.

Pasquali
Enviado por Pasquali em 16/08/2024
Código do texto: T8130408
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