A obra-prima do poeta
O poeta ia andando, examinando atentamente a poeira que lhe cobria os passos, os cabelos desgrenhados feito um cachorro que secou no tranco, e, debalde, feirantes gritam anunciando a madureira do abacate. Em volta das tabernas os bêbados dormiam pois o céu do dia vendiam sem estrelas. E parou, de súbito, com sua caneta "Bilac", na estrada da vida, ou melhor, na calçada. Baixou urgente papéis ao assoalho e às paredes, mas o vento levou a folha - mal colocada embaixo do tijolo - e tão rapidamente correu o espírito - juntado ao braço - e espalhou-se até o meio da Rua do Caminho Extremo, mas por sobre um muro sumia o verso livre. Lá se vai a obra-prima do poeta, seu Prêmio Camões, seu Jabuti-Jabota/Jabutx!? (novos tempos); lá se vai o Nobel, o fardão e o english tea perpétuo. Pelo menos tentei, disse triste de se calar dentro e fora. Qual Quintana, tentou, o poeta, a tentativa dos pastos de serem verdes no estio.