Aos poetas
Nós
Que nos abrigamos
Em noites rasas
De luar
Nós,
Que cantamos
Ao som de brasas
A crepitar
Nós que nunca passamos
Tendo asas
Para passar
Somos nós
Por nossa mão
Que mostramos
A seara a ondear
Na cadência de um cantar.
Somos nós
Pela canção
Que adubamos seu planar
Erguendo o campo
À altura
Nas asas do sonhar.
E na planura
Dessa paz
Insatisfeita
De beleza e de ilusão
Levantamos paredes
Armadas de pão.
Almas caladas
Assim saciadas
Por nossa voz.
Nós
Homens de pés no chão.
Calçamos de sonho e poesia
Caminhos de betão.