Mariana esbatida em espumas
O que será da ausência do sentido perene do mar?
O que será do cansaço inaudito de Mariana?
Depois desta cena nova,
paisagem de sempre: o mar.
Ato novo de ar estagnado de modorra: amor?
Beleza de tempo antes,
tempestades,
potestades juvenis
de germe revisitado antes do fim de todos,
nós.
O que será do mar?
O que será de Mariana?
Belo instante não revisto,
realeza interna sem diamante,
embalo condensado de eras?
O mar é perene
e Mariana,
quimera?
Mariana nunca vi perto do mar;
nunca fragmentei na paixão contumaz
de ondas certeiras e abandonos de pedras.
Pois fugazes, seus seios em rochas de opala,
modelos hirsutos, inéditos.
Suas marcas de alvo,
inteiras, íntegras,
seu nariz singular
e árabe e arco e flecha mortiça transmutados em âncora.
O mar quando
dança no seu nome
pela forma e mistério
é adereço
de estética pertinente para ela, paralelas na areia e pérolas malsãs de espuma.
O mar é interno
em meu peito
de cais velho;
mar de sobressaltos, adunco,
ressacas diluídas.
Sobre as ondas carcomidas
que se repetem,
na analogia do poema líquido,
não dizem respeito
à presença física,
carnal,
tangível
e sexual de Mariana.
Não correspondem ao seu corpo,
ao seu ato de espera.
Diz respeito ao balanço
esperado de tombadilho de riscos,
afogamentos possíveis, línguas salinas.
Sem medo,
sem medo:
espera!
O sentimento novo
é abissal,
é sempre meu porto seguro.
Gaivotas corajosas avançam: o mergulho.