Opera prima filiae
Para Helena Riff
Minha filha
de trança
e olhar inquieto
pinta um
quadro.
Ansiosa cena
amarela,
verde
e marrom.
Helena desenha
o recipiente
de estanho,
os girassóis
de plástico
na mesa de madeira gasta
em ângulos octogonais.
A pintura,
madura,
da menina de quatro anos.
Na sala,
lilás e roxa,
fito a inabalável
espera da resposta,
do sentido, enfim,
do por quê?
Helena,
indiferente,
termina
sua obra primeira
e vai tomar
sorvete.
Está aqui
e não
carece reflexões.
É cor,
vida,
presente.
Não se importa
com futuro.
Filha,
veio,
veia
e obra maior.
Muito melhor e basta.