O Corvo
Sento me ao precipício,
O pôr do sol está a mim defronte,
Lamentar é meu único suplício,
Enquanto observo o horizonte.
Ao meu lado senta-se um rapaz,
Me pergunto o motivo dele estar comigo,
Reconheço seu olhar fugaz,
Se trata de um velho amigo.
Com um gesto acolhedor,
Ele segura minha mão,
E com um sorriso encantador,
Aquece meu coração.
Como doce melodia,
O rapaz sabia o que me dizer,
Suas frases se transformam em poesia,
Que me fazem florescer.
Ele me contou sobre a minha essência,
Que me fazia ser unicamente complexidade,
E disse que com paciência,
Eu encontraria a prosperidade.
Que eu me permitisse perdão,
Colhesse dos meus próprios pedaços,
Revalidasse o coração,
E limpasse meus estilhaços.
Por fim, como um último clamor,
Pediu-me que, até o fim do dia,
Eu acreditasse novamente no amor,
Porque toda sua infinitude eu merecia.
Mas assim como o sol poente,
Precisávamos de uma despedida,
Enquanto me abraçava calmamente,
Senti minha alma como uma brisa.
Ele me prometeu uma dança,
Em um futuro indefinido,
Encheu-me de esperança,
Para um destino transcendido.
O rapaz então se transformou,
Em um corvo fruto de poesia,
E ao infinito voou,
Me deixando com sua cerúlea magia.
Sentada, vi ele se afastar,
Voando pelo céu cruzado,
Um dia iremos nos reencontrar,
Adeus, meu corvo amado.