Aos que gostam de escrever

Escrever

Trabalho que me dá prazer

Me deixa ver e ser visto

Faz-me locomover

Ser um ser no qual invisto

Expandir algo que penso

Pra não me deixar tão apenso

Às coisas que sinto

Sei que não me dá o sustento

Mas me sustenta o fazer

E fazendo não lamento

Dedicado àquele intento

Porque no tosco risco lento

De um papel mesmo ao relento

O agir do pensamento

Com a ferramenta mão

Concretiza o sentimento

Do querer de uma paixão

Escrever as coisas lidas

Que mesmo com o tempo esquecidas

Mal vistas ou bem interpretadas

Como as coisas dessa vida

Eu não sei se é um dom

O escritor bom

E pronto

Se já nasce

Por encanto

Aquele que escreve um conto

Uma prosa ou poesia

Como Cora ou Mia Couto

Ou rabisco qualquer

Eu só sei que sou teimoso

Porque desde cedo eu ouso

E até me sinto famoso

Quando alguém pega e lê

Eu mais sei que escrever

É um caminho que percorro

Chamamento de socorro

Ou um brado de alegria

Expressões das vinte quatro

Horas dos quadros do dia

É um grito de mulher

Ao parir uma criança

Ao encontro da esperança

Num mundo em calamidades

Nas ruas de longa andança

Nos guetos e nos seus sonhos

Nas garatujas e rabiscos

Pelos ermos das cidades

Gritos parecendo bombas

Olhos de atrocidades

Escrever não enfadonha

Nos humaniza os caprichos

Creio nos torne iguais

Menos feras

Menos bichos

Se bem que os animais

Não escrevem

E são vistos

Até bem mais racionais

Escrever

É mostrar parte

De você

É uma arte

É expressão do viver

Por isso

Peço ao leitor

Papel e lápis

Por favor

E com amor

Tente escrever

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 23/10/2016
Reeditado em 23/10/2016
Código do texto: T5800508
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