POEMA DE SEIS FACES

Quando eu nasci, um anjo cor de rosa

desses que não existem

disse: Vai, criatura! ser confusa na vida.

E eu nasci, cresci

e passei a me interessar

muito mais em procurar as sete faces

do poema de Drummond de Andrade

do que em levar uma vida cansativa e pela metade.

E o bonde passa cheio de pernas,

e eu lá ligo para pernas?

Mas você deveria ligar, grita meu coração.

Porém meus olhos

não gritam nada.

A mulher que escreve,

só quer escrever.

Tem poucos, raros prazeres

a mulher que só gosta de escrever.

Meu Deus, por que não consigo decidir

entre o mel e a cera,

entre a maça e a pera?

Medo medo vasto medo,

se eu me chamasse Alfredo

seria uma rima rica

mas não existiria enredo.

Miriã Pinheiro
Enviado por Miriã Pinheiro em 10/09/2014
Código do texto: T4957009
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