A CORRENTEZA E A FLOR

A CORRENTEZA E A FLOR

(Relembrando Gonçalves Dias)

Pediu, a flor, às águas do riacho,

muito tristonha, em sua solidão:

"Fica comigo ou leva-me contigo

para outros rios, para grandes mares,

eu quero conhecer outros lugares,

não me deixes não!"

Mas a corrente ia levando as águas,

lambendo as pedras, com sofreguidão.

“Vivo tão só, posso ser tua amiga”,

dizia a flor, como buscando abrigo,

e suplicava: “Leva-me contigo,

não me deixes não!”

A correnteza, alheia ao sofrimento

daquela humilde flor, negou-lhe a mão.

Sequer olhava para a pobrezinha,

em sua trajetória, prosseguia,

enquanto a flor, morrendo, inda pedia:

“Não me deixes não!”

(Da Antologia "MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS)

EDNA LIMA DE MENDONÇA
Enviado por EDNA LIMA DE MENDONÇA em 13/03/2014
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