A CORRENTEZA E A FLOR
A CORRENTEZA E A FLOR
(Relembrando Gonçalves Dias)
Pediu, a flor, às águas do riacho,
muito tristonha, em sua solidão:
"Fica comigo ou leva-me contigo
para outros rios, para grandes mares,
eu quero conhecer outros lugares,
não me deixes não!"
Mas a corrente ia levando as águas,
lambendo as pedras, com sofreguidão.
“Vivo tão só, posso ser tua amiga”,
dizia a flor, como buscando abrigo,
e suplicava: “Leva-me contigo,
não me deixes não!”
A correnteza, alheia ao sofrimento
daquela humilde flor, negou-lhe a mão.
Sequer olhava para a pobrezinha,
em sua trajetória, prosseguia,
enquanto a flor, morrendo, inda pedia:
“Não me deixes não!”
(Da Antologia "MIL POEMAS PARA GONÇALVES DIAS)