Haverá um dia, Haverá um tempo

Haverá dias que seu coração vai sangrar e você não terá

mais forças para erguer-se; a vertigem lhe tomará e

não verá nada além da escuridão, do vazio e do medo.

Mas, haverá um dia...

Haverá um dia que seu corpo servirá aos vermes, que

terás nojo de tua própria carne que sob outras carnes

fez-se permitir o gozo da putrefação fugaz e passageira.

Serás verme a arrastar-se, a mendigar o que é eterno e

terás por fim, desdém do que lhe fez liberto e profano;

seu corpo padecerá na ausência de moral e respeito, sob

ti apenas seu próprio desprezo e asco. Mas, haverá um

dia...

Haverá um dia que sua alma sucumbirá pela saudade e

vazio, pela ausência e silêncio dos que em tua vida

existiram; serás pó e chão, apenas um ser a andar pela

terrena vida da expiação. Dormirá na saudade, acordará

na recordação, suspirará a dor da expansão de teus

pulmões que a cada inspiração lhe lembrará a dor de

vossa existência e lágrimas que sob sua face rolarão.

Mas, haverá um dia...

Haverá um dia que compreenderás que nada mais

importa que o amor, que tudo é terreno, apenas

pequenas fagulhas, arranhões no tempo, no vento,

palácios na areia, reputações de sapiens que nem

o nome sapiens lhe fará sinônimo.

O ópio das felicidade um paraíso puramente artificial

que nos a próxima do mal e nos arrebata do bem

imaterial. Mas, mesmo assim haverá um dia...

Haverá então a ausência daquilo que nunca lhe

pertenceu nunca viveu. Sentirá falta daquilo que

nunca existiu em sua vida, daquilo que nunca permitiu

florescer em seu peito por orgulho ferido, ódio exalado

e mágoa aprisionada, falsa ostentação para os bonecos

de cera.

Lembrará quando tudo se fizer fim, das antigas canções

e poesias, lembrará do gosto da sopa de sua vó, do doce

mel das abelhas no sítio nas pescarias, ovelhas, pequenas

casas de madeira, simples sorrisos, longos abraços, velhos

braços eternos amigos, colchões no chão, o empoeirado

livro, o banho de chuva, os últimos lampejos de libertação.

Sentirá vontade de partir, de ficar, de fugir, de não

mais fingir, de não mais mentir, sentirá vontade de viver,

viver ali, de volta, perto, próximo do que lhe fazia

realmente feliz, realmente liberto. Lembrará das rodinhas,

das brigas, velhas discussões; sorrirá dos antigos amores,

sentirá falta, continuarás a sentir, sentirá...

Sentirá remorso pelo eu te amo que não disse, pelo

perdão que não ofertou, pelo silêncio que trancafiou

quando seu espírito pedia para gritar, sentirá por

não mais estar, por não mais tempo ter, por não

poder mais vencer por simplesmente desistir, desistir

de amar desistir de você.

Haverá um dia que novamente tudo isso sentirá:

dor, alegria, o ápice de sua vida ao mais profundo

vale da escuridão, mas haverá um dia, em que tudo

passará...

Passarão as dores, as tristezas, as saudades, as

recordações, as dores, as lágrimas e escuridões,

os remorsos, os desamores.

Tudo cairá por terra, porquê em terra tudo há de

passar. Mas a ti, nada mais passará. Permanecerá:

permanecerá o amor, os amigos, os irmãos, os pais,

os animais o poder divino da criação...

Não precisaras mais lembrar, pois, ali eles estarão,

não precisará mais sentir saudade pois os terá a todo

momento seu caloroso carinho e seu dorso abraço que

embalará todas as estações. Não haverá tempo para

dor, nojo nem temor. Tudo permanecerá; os mistérios

por fim se revelarão, a glória em ti cairá e verás não

mais o céu sob vosso olhar mas terás o céu sob tuas

mãos.

Tu fará parte das estrelas e constelações, fará parte

de uma nova criação feito para o amor, pelo amor,

de amor.

E aí o véu outrora cinzento que um dia lhe entrelaçou

no silêncio, lhe mostrará que não foi o fim, mas sim,

a exumação, o começo, um novo começo de um

mundo sem expiação onde tu serás futuro,e um eterno

presente que Deus fez para colocar em tuas mãos.

HAVERÁ UM TEMPO EM QUE O HOMEM SERÁ PAI

O PAI SERÁ HOMEM O ESPÍRITO ETERNAMENTE

DIVINO, E TODOS SERÃO UM SÓ, NUMA SÓ

COMUNHÃO DE AMOR E UNIÃO.

HAVERÁ UM TEMPO QUE O TEMPO NÃO

ESQUECERÁ...

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 19/02/2013
Reeditado em 03/03/2013
Código do texto: T4147731
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