REVELÂNCIAS
meu velho fazia magia
tirava coisas de sua caixa de flandre
luzentes vidros redondos
feito vagalumes
combinações de grande alquimia
metia papéis retângulos
de brilho e alvura
n´água salobra tingida
baciinhas coloridas
e neles afloravam as coisas do dia:
o sorriso branco da mãe preta
e eu no colo de minha irmã
(asveis até mesmo ele,
de instantâneo riso)
solitária, no quarto escuro
uma luz de cor lumiava
que nem as das casas
das mulheres sorridentes,
proibidas;
desnecessária: ele bem sabia
onde as coisas se ocultavam no breu
então, nossas vidas se revelavam
na felicidade dos dias hoje aquentados
num álbum de fotografias.
12/4/01