sou mulata das contas... mandingas... e colares...
são peças preciosas bem adornadas num dorso caramelo...
sou faceira, cheirosa e dengosa... corpo de sereia...
quando o sol aquece à minha pele dourada o dia se levanta...
no frescor das manhãs baianas-furta-cor o elixir do amor...
tenho cheiro de mar e pétalas na poesia...
tenho jeito brejeiro que fascina todo dia...
sei contar histórias tecendo fios n'aurora...
uso turbante colorido e brincos enfeitados...
sempre à vontade com o meu gingado...
balanço as cadeiras... vejo o tempo girar...
venho de muito longe... de outro pomar...
cheio de graça... enfrento tudo...
quebro o mundo...
quebro onda...
quebra o mar...
de tanto amar...
mulata que canta...
mulata que acalanta...
o dom de sonhar!