A MORTE DA POETA
A MORTE DA POETA
Sergio Pantoja Mendes
Voa ao vento a tua alma confusa,
como folha caindo no frio;
muito leve, solta, outonal.
E fica nua de ti, a árvore da vida...
E qual pingo de chuva,
cortando rápido o espaço,
desce teu corpo a procura da terra...
E dor e solidão te acompanham,
neste último gesto e ato do teu ser...
E o corpo que revoluteou e caiu,
fez jazer no chão a poesia.
Morta muito antes da queda;
em cada linha subjetiva da tua rima,
em cada reticência confusa do teu verso...
Poucos te souberam os poemas.
Muito poucos te viram morrer.
Deverias ter gritado uma poesia
enquanto ao vazio caias:
“–Eu morro, eu morro
leviana sem dó,
porque mentias!...
Meu desejo? Era ser...
boiar... como um cadáver,
na existência!...”
OBS: Versos entre aspas, são
do poeta Álvares de Azevedo.
NOTA: DEDICADO A MEMÓRIA, DA POETA ANA CRISTINA CESAR