Homenagem ao velho Buck
Como o velho Buck, um dia irei ficar
Não tão sórdido e nem tão perverso
Talvez um pouco mais,
Talvez um pouco menos
Em suas linhas corro minha imaginação.
Em minhas leituras, cativo-me de suas ideias
Qual é a graça? Qual é o prestígio?
Valho-me de boas intenções?
Lê-lo é rever o passado imaginando um futuro
Gargalho sozinho de suas peripécias
Divirto-me com suas confusões e
Retratos toscos de uma realidade
Em suas sentenças me esbaldo
Quão divertido pode ser um poeta?
Calmo e até incompreensível por demais
Não encontro todas as palavras para descrevê-lo
Homem diurno, homem noturno
Mais homem que isso só se for com o pau para fora.
Sujo, devasso, pervertido e pornográfico:
Um verdadeiro ídolo.
Simples como ele só e nada modesto
Sua imoralidade aflora a vontade
Suas experiências equivalem a grandes estudos
Vulgaridades a parte, tínhamos um gênio.
O cântico dos cânticos nunca revelou sua presença
No entanto, safado que era, de certo comia alguém, sorrateiro
Bêbados canônicos; percebi que somente dois deles eu admiro:
O velho Guatemar e o velho Buck (ambos safados)
Quantas palavras merece o Homem de poucas palavras?
Creio que quantas ele mesmo escreveu
Por mais hediondos que foram seus dias,
Por mais que tenha amado e sido amado
Cada palavra sua é a desmistificação do cotidiano
Um relatório, um diário, uma confissão sem dó.
Coragem nunca lhe faltou em qualquer de seus instantes
Do pouco que li o do muito que lerei, eu sei!
Se por ventura nessa homenagem faltaram
Vaginas e caralho, em sua vida nunca houve de faltar.
Espelho-me em sua ousadia, de um dia,
Porra nenhuma me faltar e nem buracos ter para meter
...onde quer que você estiver, que esteja comendo alguém!