O CANOEIRO E A PONTE

Lá na curva do rio tem uma ponte

feito a pedra no caminho de Drumond...

Uma ponte que nos rouba o sono

feito as enchentes do Corrente!

Esta ponte tirou-nos d’alma a alegria de viver

ah! tenho vontade de pular daquela ponte

e morrer!

mas eu amo tanto este velho barco

este remo...

amo tanto este rio que dá peixe de montão

água com fartura....

mas aquela ponte é um “turejo” sem fim !

Tenho vontade de surpreendê-la dormindo

e colocar uma dinamite a seus pés...

mas dói-me no peito o pensamento

quando ao raiar do dia crianças de azul e branco

tiritando de tudo pela ponte vêm, rumo ao amanhã!

Gente que vai e que vem

sem sequer lembrarem-se de mim

as margens deste rio

com meu velho barco a servi-los por tanto tempo...

Meu velho barco

amarrado à sombra da gameleira

apodreceu de dor e desgosto

pois nunca mais pôde dar-me o pão

que a ponte levou.

Por baixo dela vão anos e anos de felicidade

por debaixo da ponte passam sonhos e planos

por debaixo dela passam lembranças...

ágrimas...

- lá na curva do rio tem uma ponte!

À João Xoroxó

Um velho barqueiro que tinha por labuta, desde as primeiras horas da manhã, adentrando noite afora; atravessar o povo de São Felix do Coribe para Santa Maria da Vitória. Tinha clientela cativa, até mensalistas estudantes.

e Emílio do Ajoujo Que na mesma toada, tinha a responsabilidade de atravessar automóveis, caminhões e máquinas sob o velho ajoujo, em constantes plantões.

A ponte veio alterar toda aquela rotina e tirar deles, o labor da vida; Em seu lugar, deixou o dissabor da aposentadoria pelo INSS.

Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 28/06/2009
Reeditado em 25/08/2013
Código do texto: T1671652
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