O ANO NASCE EM JANEIRO. A VIDA, EM MARÇO

Entrego esse poema a todas as mulheres

Que não simbolizam nada. Simplesmente são

As lutadoras do mercado desigual do trabalho

As guerreiras das casas, cozinheiras, lavadeiras, companheiras

Mães, acima de tudo, das gentes. Mães.

As que romperam barreiras no passado opressivo

As que buscam quebrá-las no presente

que faz de gente, coisa.

As donas, moças, donzelas, meninas

As simples, carentes, sofridas, alegres

As que se iludem, que transgridem, se penitenciam

As que não se calam, que vão às lutas a despeito de tudo

As que não se rendem e nem se vendem

Que olham além dos muros, às que não sucumbem

Que não fazem da sedução trilha para estrelismo ou vida fácil ou vida fútil

As que resistem ser mercadoria, vitrine de marca, ponte para produto

As fortes, combatentes, companheiras

As amadas, bem amadas, dignificadas

As plenas, esposas, maridas, mães, pais filhas e espírito santo amém

As escondidas, temerosas

As merecidas, corajosas.

Ofereço esse poema a todas estas e àquelas

Que ainda encontram chão e o pisam com a firmeza decente

Para amar sem explicação, suster a prole com honra

Dividindo o parco

Transmitindo vidas

Espalhando humanidade, doçura, fibra.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 08/03/2009
Código do texto: T1475234