DESCANSA EM PAZ AGORA (para o Zé Carlos)
Ah, mas dêem-me a música, talvez
assim acalme, minha dor e
monstruosa revolta, que vai no meu peito!
Nasce-se. Morre-se. E tudo é tão assim,
que o que temos, de pouco nos serve, quando a morte,
vier de mansinho, reclamar sua divida.
Glória passageira, nesta vida, somos simples
bonecos, de cara enterrada na lama!
lutando e pedindo, só um pouco
mais de tempo, para que a flor-de-lis,
venha a ter, o seu merecido despontar.
E vemos nossos filhos crescer,
de encontro ao focinho, da corrupção.
E depois vêm os netos. E quando pensamos,
que, a tranquilidade é connosco,
podendo vê-los crescer e brincar com eles,
logo a desgraça se abate, imerecidamente.
E ficamos doentes, entregues a hospitais,
sem qualquer humanidade, que de pronto,
nos abandonam, à nossa pouca sorte.
E a casa regressando (nunca melhores),
apenas a terra e as cinzas, nos esperam,
enquanto os assassinos, se passeiam.
Na flor da idade, obrigaram-te a partir,
meu querido, Zé Carlos, simpatia em
pessoa, para com todos…
Pois quem de atenções, devia cuidar-te,
simplesmente, não cumpriu a promessa,
juramento de todos os médicos.
Meu choro, não cabe mais em mim,
porque não me vesti de sangue novo,
resgatando-te, para a vida.
Nada fiz por ti… e a minha vida, não te a
entreguei, em mãos… então, porque
me digo eu poeta? Ah, quanta falsidade,
vejo hoje, existir em mim.
Nada… é o que sou.
Jorge Humberto
06/03/09