Pedras-irmãs (dedicado ao poeta Lourenço de Oliveira)

"Dedicado com carinho a Lourenço de Oliveira"

Som resvalando por entre pedras,

ressoava na sintonia de agressão

como ressecand’a seiva das tundras,

doía meus tímpanos em comiseração!

E quanto mais meu grito eu soltava,

imenso e gigante bulício retornava

capaz de aturdir qualquer multidão,

mas eu queria o silêncio da solidão!

Necessário seria calar aquele eco,

que sabia pluralizar desassossego;

no pensamento que era dinâmico,

minha pobre alma buscava abrigo,

em minha mente calada repousava,

quand’então as pedras emudeceram;

pensei então nos amores esquecidos

do meu sangue, rumo, suor e pulso!

Percebi o eco tornando-se mais manso,

expandindo como ambiente de flores,

como quem restaurando meus amores,

quando meu pensar se fez mais moroso!

As pedras frias, todas a uma só voz,

diante do clamor de sincero perdão,

propagaram o amor ao vento veloz,

entoando sublime festival de canção!

Ora, dormi com pedras ao meu redor,

cúmplices do meu perfumado carinho,

pude despertar leve com’um passarinho,

que com as suas pedras-irmãs fez amor!

Santos-SP-20/12/2005

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 16/04/2006
Código do texto: T140055