Sei...
Respingos de chuva atravessam a janela, molhando meu corpo, sinto frio, quarto vazio, solidão invade meu pequeno mundo.
A meia luz ofusca meu lacrimejar, minh ´alma desfaz em pedaços, junto cacos de sentimentos, lanço ao vento.
Onde andara o amor, que flameja em meu peito, infiltra as paredes do coração, dos lábios sugam o sabor profundo, melhor do mundo.
Sei, a canção está sendo escrita, entre rabiscos e emoções, lágrimas e ternura, molduram paixões eternas de outras eras, perco a visão, tateio no escuro a procura, doce ilusão.
Abraça-me, trás de volta o riso maroto, quadro abstrato, tua face surge em meio a devaneios, respiro fundo, entrego-me lentamente, carrega-me no colo, em teus braços, encontro porto seguro.
O olhar mudou de direção, nessas dunas batidas pelo tempo, o horizonte se descarta, revela-se além.
Rasgo as vestes ao vento, labirinto de emoções, grão de amor atravessa a mente, debrucei-me sobre teu corpo, sob os caprichos de tua voz mansa me deleito.
Os versos nascem das entranhas, na quietude da madrugada, decifra-me, transporto-me em teu ser.
Escrito em: 18.12.2005
Por Águida Hettwer