Contrato
Enquanto ainda procuro o narguile perfeito,
pra enviar para um endereço que deveria ser meu lar
observo que nossas pernas desentrelaçaram-se como nossas penas
e a sua pena nunca mais voou...
que musa é essa que sucumbe
ao passar do tempo
que perde na ausência
que morre na lembrança
sobrepujada pela carne?
nunca existiu...
no entanto
habitas na minha casa...
isso que eu tenho ainda é meu direito
aliás o único que sobrou e não peço mais
o de usar do mesmo teu dom nosso
e com a palavra apoderar-me do que foi meu
e jamais deixará de sê-lo
pois nao sucumbe à carne transitória
é eterno
como as nuvens no céu
o pior é pedir e implorar uma palavra
quando se está seco
e perceber, abismado
que uma simples lembrança
desata o véu da cachoeira...