Meu- trevo- de- quatro- folhas
Yakissoba, chá de cidreira, Cais do porto, Edgar
e o meu pavor de não ir, de não me despedir pra não chorar.
Petrolina, poesia, Carreteiro, a lua alta ao calor do sarau,
grandes amigos, antigas paixões e a minha altura de uma perna de pau.
O pôr-do-sol na ida, na vinda a Presidente Dutra
e a nossa solidão unida -no riso contido, no apreciar da palavra- minha e de Duda.
Ver que tudo isso fica e passa, e passa e fica. Relembrar Drummond de Andrade.
Recitar Augusto dos Anjos.
Ter na voz e no olhar a vibração constante da cadência do choro contido de saudade.
E conter os ânimos.
Na descida o Brisa no Arco da ponte
e o prazer de fazer próximo os amigos distantes.
E que ninguém saiba dos meus rituais de adeus e inglória,
das minhas noites em ronda
trilhando cada saudade e memória
de Nana, Candice e Luana.
Adiamento, adiamento, adiamento...
A nossa dor
de um momento,
de sermos tão mais vítimas do amor.
O tilintar de pouco tim-tim
dos nossos copos americanos em mesa de bar.
O crivar denso-dramático-ampliado e sem fim
das nossas lágrimas de nos separar.
E a dilaceração densa-dramática-ampliada de mim
do desespero de deixar quem me ama.
E uma vontade densa-dramática-ampliada de gritar meu amor aos confins
de Nana, Candice e Luana.
Adiamento, adiamento, adiamento...
A nossa dor
de um momento,
de sermos tão mais vítimas do amor.
E a sensação do desperdício de si, que se esvaia.
Porque o nosso maior dom é o de saber dividir
ao outro e em si
tantas quantas juras de viver
e reviver
o amor que em nós nunca falha.
Quando o batuque e a música em nós pulula mil coisas,
mãos dadas em ciranda cantamos no cadenciado ritmo de Nana.
Quatro somos, meu trevo de quatro folhas
de Nana, Candice e Luana.