Os Jardins de Eva
I – O Reino e as Dominações
Fitava Eva indolente os seus jardins
Devaneando volúpias perfumosas
A alegre graça dos sabores afins
A professar sobre o divã das rosas.
Pagens, devotos carnais ou querubins
Enchendo o silêncio de ecos maviosos
Imitavam domadores langorosos
Servindo a fera com carícias e assins.
A bela espreguiçou sobre os despojos
E tão rica, sofreu sua atroz miséria,
Destino fatal dos seres desejosos.
Entre risos dados fácil fez-se séria
Toda essa paixão, homens sediciosos,
Nem sempre vale paraísos amorosos
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Crescer em agito e ruído útil
E outro tanto crescer em vida fútil
Ser independente, e ir pela cidade
E ir também entre a mulheridade
Que teria ao meu dispor em sua tabas
Caminhar bem neste mundo das diabas
Onde tudo é sacanagem, safadeza e apego
Incluído aí talvez o meu amor maior
Ou mesmo minha malícia, que é menor,
Um mar de guerra e um ponto de sossego
Eu partirei: desprezo o quimérico medo, e ousado
Eu chegarei a esse mundo de mil curvas sinuosas
Com meu traje de ocasião composto em nu e rosas
E de vós serei o acompanhante e o acompanhado
Aos meus olhares poderosos, meus assomos
Gozarei em nossos olhos, ah! amores...
Eu vos amarei sempre assim, loucas flores
A estancar a loucura do pranto e seus pomos,
Em nossos risos desatados pelo vento
E se houver do merecimento aquela lei,
Um amante tão igual a quem me ama
Serei, enquanto a luz conserve a chama,
E de vós conforme, em pedra, lírio lento
Ou memória perenal me tornarei.