Tua boca me diz
Tua boca me diz coisas
Me chamas de flôr, se transforma em pássaro,
E vem sem pudor beijar-me as petálas, uma a uma.
Sou traduzida em elementos e alimentos,
Me chamas mel, e sem relutar adoço teus sentidos.
Dizes que sou grande astro, uma estrela de calor,
Me chamas de teu sol e de teu amor.
Me sinto selvagem, uma perfeita índia urbana,
E ainda acumulo predicados de sedução cigana.
E quando penso que já pensei tudo,
Eis que me arrebatas este desejo absurdo.
Beijos com trejeitos e sabores vou criando,
Deixando rastros pelo teu céu vou viajando.
Tempo é chegado que alivie meu tormento,
Me traduza de forma lúdica em teu pensamento.
Sou ninfa, borboleta, flôr, sou o quizer que eu seja.
Mas você é mais, é tudo que meu corpo deseja.
Vem amor, me chame do que quizer,
E lembre-se: agora e para sempre, sou tua mulher.
Tua boca me diz tanto, me deixa louca,
Quero que minha boca seja a tampa da tua boca.
E se for morrer, deixar este mundo,
Que seja assim, num beijo longo, em coma profundo.