Tua boca me diz

Tua boca me diz coisas

Me chamas de flôr, se transforma em pássaro,

E vem sem pudor beijar-me as petálas, uma a uma.

Sou traduzida em elementos e alimentos,

Me chamas mel, e sem relutar adoço teus sentidos.

Dizes que sou grande astro, uma estrela de calor,

Me chamas de teu sol e de teu amor.

Me sinto selvagem, uma perfeita índia urbana,

E ainda acumulo predicados de sedução cigana.

E quando penso que já pensei tudo,

Eis que me arrebatas este desejo absurdo.

Beijos com trejeitos e sabores vou criando,

Deixando rastros pelo teu céu vou viajando.

Tempo é chegado que alivie meu tormento,

Me traduza de forma lúdica em teu pensamento.

Sou ninfa, borboleta, flôr, sou o quizer que eu seja.

Mas você é mais, é tudo que meu corpo deseja.

Vem amor, me chame do que quizer,

E lembre-se: agora e para sempre, sou tua mulher.

Tua boca me diz tanto, me deixa louca,

Quero que minha boca seja a tampa da tua boca.

E se for morrer, deixar este mundo,

Que seja assim, num beijo longo, em coma profundo.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 14/04/2008
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